Uma brilhante corrida de recuperação e uma ultrapassagem espetacular deram ao gaúcho Miguel Paludo, líder do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, a vitória na prova 10 da temporada de 2009 depois de largar em 19° lugar. Em uma das corridas mais movimentadas, imprevisíveis e emocionantes da história da categoria, Constantino Júnior terminou em segundo depois de partir da 18ª colocação. E Clemente Lunardi, líder durante a maior parte da prova, terminou em terceiro depois de receber a bandeirada andando de marcha-à-ré.
“Foi a melhor corrida da minha vida! Admito que não esperava vencer”, declarou Paludo. “Mantive sempre um ritmo forte, pensando em marcar o maior número possível de pontos no campeonato. Andei tão forte que os pneus se desgastaram e o carro começou a sair de traseira no meio da prova. Em uma das desgarradas, eu achei que não ia conseguir controlar. Felizmente, deu tudo certo.”
A corrida em que aconteceu de tudo foi antecedida por outra também emocionante, na qual Marcel Visconde conseguiu sua primeira vitória na categoria. Nas rodadas duplas do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, o grid de largada da primeira corrida do dia é definido com base em um treino classificatório, enquanto a ordem de largada da segunda prova é definida pelo resultado da primeira. E pelo menos três pilotos de ponta haviam abandonado a primeira corrida, tendo que largar nas últimas posições na segunda: Beto Posses (17°), Constantino (18°) e Paludo (19°).
O primeiro sinal de que seria uma corrida atípica aconteceu no momento da largada. Ao contrário do que aconteceu em praticamente todas as corridas desde que o Porsche GT3 Cup adotou a largada em movimento, alguns pilotos não respeitaram o alinhamento. Com isso, o diretor de prova, Sérgio Berti, abortou a largada segundos antes do momento de os carros cruzarem a linha de largada. Mas alguns pilotos demoraram para reagir ao aviso e o resultado foi a necessidade de dar mais uma volta para refazer o grid na ordem certa. Com isso, a duração da corrida foi reduzida em uma volta.
Na largada que valeu, Luís Zattar, que havia saído em terceiro, pulou na frente mas perdeu aderência na primeira curva e acabou saindo da pista, levando junto o pole Visconde. Ambos tiveram pneus furados e perderam muito tempo até chegar aos boxes para trocá-los. Otávio Mesquita aproveitou a confusão e assumiu a ponta, seguido por Lunardi, Marcelo Ometto, Ricardo Baptista, Tom Valle, Guilherme Figueirôa e Sérgio Ribas. A seguir, já entre os dez primeiros, vinham Paludo, Posses e Constantino.
Lunardi ultrapassou Mesquita na segunda volta, assumiu a ponta e começou a abrir distância em relação aos pilotos que o seguiam. Ometto também ameaçou Mesquita, mas rodou na Curva dos 90 Graus na quarta volta e caiu para as últimas posições. Nessa altura, Paludo já estava em quarto, ameaçando Tom Valle. Na sétima volta, era o terceiro; na nona, o atual campeão ultrapassou Mesquita, assumiu o segundo lugar e iniciou a caça ao líder Lunardi. Constantino também progredia e assumiu o terceiro lugar na 11ª volta.
A diferença entre Lunardi e Paludo caiu rapidamente. E, na 16ª volta, a liderança mudou de mãos após uma manobra sensacional, em que Paludo ultrapassou Lunardi por fora na saída da Curva da Lagoa. Lunardi ainda viu a aproximação rápida de Constantino e, na última volta, os dois chegaram juntos à última curva, a da Vitória. Lunardi decidiu mudar o traçado para tentar manter a posição, mas perdeu aderência na sujeira da pista e levou uma batida na traseira ao cortar a frente de Constantino. Com o carro descontrolado, Lunardi rodou na saída da curva, bateu de traseira no muro interno e ficou parado na contramão, a poucos metros da linha de chegada. Não teve dúvidas: engatou a ré e recebeu a bandeirada em terceiro lugar com o carro virado no sentido contrário. Constantino, por sua vez, terminou em segundo com o carro vazando líquido refrigerante − o radiador do Porsche se rompeu na colisão com Lunardi.
Constantino mostrou-se satisfeito com o segundo lugar e lamentou o toque no adversário. “Automobilismo não é esporte de contato”, afirmou após a primeira corrida, em que havia colidido com Paludo. “Não consegui ganhar posições tão rapidamente quanto o Paludo, mas estou satisfeito com este segundo lugar. Só lamento pelo toque no Clemente. Não tive como evitar.”
Lunardi inocentou Constantino pelo incidente da última volta. Segundo o terceiro colocado, a confusão teve origem em sua própria decisão de tomar a curva pelo lado de dentro e não pelo traçado normal, por fora: “O Constantino estava mais rápido e eu sabia que seria ultrapassado pelo lado interno se eu fizesse o traçado normal. Decidi ficar por dentro para evitar que ele tivesse espaço, mas peguei a sujeira, perdi aderência, cortei a frente dele e levei a batida. Na saída da curva, tracionei melhor mas rodei. Quando me vi na contramão, pensei unicamente em cruzar a linha de chegada. Engatei a ré e acelerei. Nem sabia se o resultado ia valer”.
Resultado final da prova 10:
1) 77-Miguel Paludo, 19 voltas em 25:34.193, média de 135,40 km/h
2) 00-Constantino Júnior, a 2.984
3) 7-Clemente Lunardi, a 11.817
4) 99-Tom Valle, a 12.819
5) 27-Ricardo Baptista, a 14.824
6) 51-Otávio Mesquita, a 20.873
7) 89-Daniel Paludo, a 25.084
8) 64-Sérgio Ribas, a 29.282
9) 36-Charles Reed, a 30.672
10) 9-Guilherme Figueirôa, a 38.098
11) 11-Omilton Visconde Jr., a 40.483
12) 34-Maurizio Billi, a 41.018
13) 15-Henry Visconde, a 58.223
14) 10-Adalberto Baptista, a 1:04.862
15) 55-Marcel Visconde, a 1:05.584
16) 18-Danilo Fernandez, a 1 volta
17) 3-Luís Zattar, a 1 volta
18) 21-Valter Rossete, a 2 voltas
19) 52-Beto Posses, a 9 voltas
20) 8-Marcelo Ometto, a 14 voltas
Volta mais rápida: Marcel Visconde, 1:16.209, média de 143,46 km/h