O 11º Rally Internacional dos Sertões chegou hoje em Barreirinhas (MA), a última cidade antes de São Luís (MA), onde amanhã termina a aventura de mais de 4.000 km, que saiu de Goiânia (GO) na semana passada. E, embora a luta pelo título ainda esteja aberta, uma coisa é certa: em poucas vezes a competição foi tão cruel com os favoritos como nesta edição de 2003.
Na cidade portal dos Lençóis Maranhenses, muitos nomes de peso do rali nacional já sabem que não terão mais chances de vitória na prova, como Klever Kolberg, Edu Piano, Édio Fucher, atual campeão do Sertões, e Paulo Nobre, que ontem não conseguiu completar a especial entre Carolina (MA) e Barra do Corda (MA), uma das que mais provocou abandonos na prova.
Entre os caminhões, a dupla da Volkswagen, Alfredo Yahn, campeão da prova em 2001, e Luciano Cunha, vice no ano passado e atual campeão brasileiro de cross country, também teve que dar adeus ao título da principal competição de off road do país.
“Corro nos Sertões desde a sua primeira edição aberta a carros, em 1996, e nunca vi tamanho número de abandono dos pilotos de ponta. Isso mostra que, por mais que a tecnologia das máquinas avance, o sertão continuará sempre desafiando os competidores”, acredita Cunha (Mahle, Continental, Volkswagen Caminhões, Asa Alumínio, Bandag e MWM), uma das vítimas da especial de ontem, considerada uma das mais difíceis do ano no calendário do Campeonato Brasileiro de Cross Country.
O piloto da Yahn Racing vinha liderando a especial até que uma quebra no quilômetro 120 o obrigou a abandonar a competição. “Enfrentamos um problema mecânico que afetou a suspensão do caminhão, que ficou de tal forma danificado que nos impossibilitou de continuar na prova”, lamenta Carlos Brites, navegador de Cunha.
Além de sofrer com a saída de um de seus caminhões, a Yahn Racing ainda teve que amargar um problema mecânico com sua outra dupla, Alfredo Yahn e João Herrmann. Os mecânicos do time conseguiram resolver o problema a tempo de continuar na prova, porém o time não completou a especial de hoje e, com isso, está praticamente fora da disputa pelo título deste ano no Rally dos Sertões.
“Não sou de jogar a toalha antes do final, mas tenho que ser realista. Perdemos muito tempo ontem e hoje e isso nos deixou fora da briga pela vitória. Foi uma pena, pois estávamos bastante confiantes na conquista do bicampeonato. Vencemos duas especiais e andamos na frente em outras cinco, então tínhamos um bom conjunto para ser o primeiro. Mas o Sertões deste ano está sendo particularmente cruel com os favoritos, basta ver a lista de nomes que está fora da luta pelo título nos carros”, compara Yahn (Mahle, Continental, Volkswagen Caminhões, Asa Alumínio, Bandag e MWM).
De fato, a prova deste ano pode ser marcada por um ineditismo, com a vitória de pilotos que nunca venceram no Sertões, caso seja confirmada a liderança de Guilherme Spinelli nos carros, e de Carlos Salvini nos caminhões. Na especial de hoje, a vitória nos carros ficou com Riamburgo Ximenes Jr e, nas motos, de Juca Bala, que reassumiu a liderança da competição.
Amanhã será disputada a última especial do Rally dos Sertões e, ao contrário de anos anteriores, os competidores não terão pela frente apenas uma etapa para cumprir tabela. A dificuldade das dunas dos Lençóis Maranhenses, entre Barreirinhas e São Luís, pode mudar o resultado da prova em plenos quilômetros finais do rali.
“Engana-se quem pensa que o último dia será apenas levar o carro até o final. Se o competidor não acelerar, é capaz de perder tempo de forma a cair na classificação. Ao mesmo tempo, o terreno traiçoeiro das dunas exige muita cautela, o que deve tornar o dia de amanhã perfeito para consagrar os times mais estrategistas, que conciliam velocidade com regularidade”, conta Herrmann.
A equipe Yahn Racing tem patrocínio de Mahle, Continental, Volkswagen Caminhões, Asa Alumínio, Bandag e MWM; e apoio de Arvin Meritor, Maxion Rodas, Tietê Veículos, Monroe, Corneta, Kidde Yanes, Rassini NHK, Delga, Master, Teleflex Morse Borg Warner, Eaton, Flex Fab, ZF Direções.