Depois de encarar os obstáculos dos mais de 4000 km do Rally Internacional dos Sertões, encerrado no último final de semana, em São Luís, a piloto Helena Deyama (OGZ/Pirelli) quer mais.
Animada com o bom desempenho na prova deste ano, em que foi a 19ª colocada na classificação geral e nona na Production Diesel, a mais numerosa do rali, ela espera levar seu Mitsubishi L200 no pódio ainda neste ano nas próximas etapas do Campeonato Brasileiro de Cross Country. E mais: pretende fazer história no Brasileiro de Velocidade, torneio que disputa sua quarta etapa neste final de semana, em Porto Real (RJ).
“Quando cheguei aqui em São Paulo, muitos me perguntaram se eu não queria descansar por uma semana. Mas eu respondi que o sentimento é o oposto. Quero aproveitar a adrenalina do Rally dos Sertões para embarcar com mais vontade para as próximos desafios, seja no Cross Country, seja no Mitsubishi Cup ou no Brasileiro de Velocidade”, conta Deyama, quarta colocada no Velocidade, com 19 pontos, oito deles obtido com um terceiro lugar na segunda etapa.
Apesar de todo o pique para encarar mais poeira nas próximas semanas, a saga de Helena e sua navegadora, Priscila Bonacin, ao longo da aventura entre Goiânia (GO) e São Luís (MA), foi de dar inveja a vários marmanjos. “Os meus amigos até falaram, pô, Helena, acelera menos que está pegando mal para a gente”, brinca a piloto.
A prova começou bem para a dupla feminina. No prólogo (espécie de sessão classificatória, que define a ordem de entrada dos competidores no primeiro dia de prova), disputado em um circuito fechado na capital de Goiás, Helena ficou em 30º lugar entre os mais de 90 carros que estavam inscritos na competição.
“Foi um bom resultado, principalmente porque o meu carro não é forte para apenas uma volta, mas sim por ter boa resistência ao longo da prova”, explica a piloto, vencedora do “Raid do Batom”, competição que reuniu 80 mulheres em São Paulo em março deste ano.
De fato, nos dois primeiros dias de prova, quando os competidores não podiam receber ajuda dos mecânicos para arrumar o carro, Helena e Priscila subiram várias posições e logo estavam entre os 20 primeiros na geral. Mas uma roda amassada no terceiro dia de prova quase pôs tudo a perder.
“Estávamos indo bem, pois queria poupar o carro no início do rali, durante a etapa maratona. Mas com esse acidente caímos várias posições, e tivemos que fazer um rali de recuperação nos dias seguintes. Aliás, esse Sertões para mim foi o da recuperação, pois essa situação também voltou a acontecer depois da última especial no Tocantins”, afirma Helena.
Com o forte ritmo imposto pela dupla nos dias seguintes, e mesmo com o tempo perdido entre Araguaína (TO) e Carolina (MA), Helena chegou ao último dia em 12º lugar na classificação geral e quinto na “Production Diesel”.
“Estava a menos de dois minutos de ficar entre os três na categoria e os dez na geral, o que seria um resultado histórico para as mulheres. E como a etapa final seria num areião, onde costumo andar bem, fiquei animada a melhorar meu posicionamento no Sertões”, lembra Helena.
Mas a dupla feminina não teve sorte na especial de Barreirinhas (MA), cidade portal dos Lençóis Maranhenses. Faltando 20 quilômetros para o final, o time perdeu uma referência na areia (way point) e acabou atolando em um pântano próximo de uma duna. Para se ter idéia da dificuldade do terreno, o campeão do ano passado na categoria caminhões, André Azevedo, também ficou preso no mesmo lugar com seu Mercedes.
“Foi uma pena, mas essas coisas acontecem no rali. O importante é que conseguimos terminar entre os dez primeiros e provar nosso valor. Tenho certeza de que outros bons resultados virão nas próximas etapas”, acredita Helena.
Boa expectativa também aguarda a piloto no Brasileiro de Velocidade, na qual compete pela equipe Lemos Sport/Volkswagen, com um Gol Power. A próxima etapa será realizada neste final de semana, em Porto Real. Embora esteja com boas chances no campeonato, a participação de Helena ainda não foi confirmada, pois o time está sofrendo com problemas com patrocínio e não deve enviar todos os carros para essa etapa.
“A equipe disse que está tentando buscar uma solução, mas acho que a situação realmente está difícil. De qualquer forma, estarei pronta para este desafio, algo novo em minha carreira, pois no Velocidade é pé embaixo o tempo todo, já que as especiais são curtas e os carros são feitos mesmo para acelerar nas trilhas”, conta Helena, que tem como navegadora a experiente Maria Antonieta neste campeonato, formando a única dupla feminina no Velocidade.
Independente da participação na prova neste final de semana, a designer gráfica neta de japoneses já dá um recado aos concorrentes. “Se no ano passado eu já dei trabalho, podem ter certeza de que vou andar ainda mais forte nesta temporada”, promete.