Sertões apresenta roteiro 90% inédito

Considerado a alma e essência de toda competição off road, o roteiro da 17ª edição do Rally Internacional dos Sertões foi apresentado para a imprensa no início da tarde desta quarta-feira (20) em São Paulo. Pela primeira vez desde 2001, a corrida ultrapassa os cinco mil quilômetros de percurso e atravessará sete estados brasileiros. Com as inscrições ainda abertas, a prova já conta com 120 veículos de onze nacionalidades diferentes. Entre eles, três exemplares do badalado VW Touareg da equipe campeã do Sertões e também do Rally Dacar. O time da fábrica alemã virá ao Brasil com um reforço de peso: o talentoso espanhol Carlos Sainz, um dos maiores pilotos do off roading mundial de todos os tempos, cultuado entre especialistas e público como uma lenda do esporte.

A prova, que será realizada entre os dias 23 de junho e 3 de julho, partirá de Goiânia (GO) para um longo e desafiador percurso rumo a Natal (RN), passando pelos Estados de Goiás, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O levantamento do percurso foi concluído no final de abril, após quase 30 dias contínuos de trabalho de campo, divididos em duas fases: o levantamento aéreo e o terrestre. “Foram oito mil quilômetros rodados em uma picape Mitsubishi L200 Outdoor equipada com dois aparelhos de GPS, dois odômetros e todo o ferramental para uma longa aventura off road. Desde 2001, não tínhamos uma prova com mais de cinco mil quilômetros. Teremos, precisamente, 5.036 quilômetros de corrida, com um total de 2.888 quilômetros de especiais – trechos cronometrados em alta velocidade”, declara Marcos Moraes, diretor presidente da Dunas Race.

Após a largada promocional em Goiânia, a caravana do Rally dos Sertões terá como destino outras três cidades de Goiás: Santa Helena, Cidade de Goiás e Minaçu. Em seguida a competição se dirigirá para Palmas (TO), Luís Eduardo Magalhães (BA), Barra (BA), Petrolina (PE), Juazeiro do Norte (CE), cruzará o Estado da Paraíba até chegar em Caicó (RN) e Natal (RN).

A apresentação do roteiro para a imprensa adiantou diversos aspectos da parte técnica e dos desafios oferecidos pela edição 2009 da corrida e contou as presenças de diversos envolvidos com a preparação da prova: Marcos Moraes, diretor presidente da Dunas Race, empresa organizadora do evento; do diretor técnico Eduardo Sachs, do diretor executivo Mauro Dalla Valle, além de Márcio Nascimento (representante do Ministério do Turismo), Carlos Ronay (Governo do Estado de Goiás, onde acontece a largada) e de Armando Silva (Governo do Rio Grande do Norte, que receberá o final do rally).

O Rally Internacional dos Sertões 2009 é marcado pelo ineditismo, a começar pelo roteiro. “90% do percurso é inédito”, afirmou Marcos Moraes. “Muita coisa é nova. O levantamento do trajeto deste ano foi feito por via aérea, e depois percorríamos os mesmos pontos em via terrestre. Foi muito prático, mas difícil de colocar na planilha devido à riqueza da topografia e dos obstáculos da região. Mas foi também eficaz, já que 98% do que foi visto no ar pôde ser conferido em solo e aplicado ao roteiro”, explicou Eduardo Sachs. “A cada ano o rally está mais técnico. E este ano promete muito neste sentido. Acho que, historicamente, esta será uma das melhores edições do evento”, continuou.

Percurso exigente – Sobre o percurso do rally para esta temporada, o diretor técnico Eduardo Sachs destacou alguns trechos dos 2.888 quilômetros de especiais que representarão verdadeiros desafios para pilotos, navegadores, carros, motos, caminhões e quadriciclos. “Já no segundo dia da corrida, os competidores encontrarão uma especial muito técnica. É um trecho que exigirá muito do carro e da tripulação, onde vai valer mais a estratégia e a cabeça fria do que somente o pé afundado no acelerador”, relata Sachs. “Aqui, terão pela frente uma mescla de trechos sinuosos e de trial (de velocidade baixa, mas bastante acidentados), com outros velozes. É uma boa receita”.

A especial do quarto dia do Sertões, de Minaçu (GO) a Palmas (TO), é a mais longa e completa da competição. “Os participantes enfrentarão piso de cascalho e piçarra no início, seguindo para regiões montanhosas com muitos trechos de trial, travessia de riachos, caminhos com pedras grandes e piso duro, além de algumas retas de alta velocidade. Com 487 quilômetros de especial, o quarto dia exige muito da tripulação por causa dos vários tipos de piso: será preciso administrar o ritmo para poupar equipamento”, explicou Eduardo Sachs.

O dia seguinte, por outro lado, representa a especial mais veloz da prova. “Ela começa sinuosa e depois encontra trechos de alta velocidade. Vai exigir coragem. É onde alguns carros de ponta poderão chegar aos 210 km/h, por causa de algumas retas que chegam a ter mais de um quilômetro de extensão”, conta. “E na metade final da especial haverá um trecho de savanas em que será necessária a navegação por GPS”, detalha Marcos Moraes.

5 mil km sem trégua – “Nenhuma especial dará refresco aos competidores. Cada uma tem seu tipo de dificuldade”, adianta Moraes. Porém, segundo o diretor presidente da organizadora da prova, o trecho que deverá ser o mais comentado entre pilotos e navegadores encontra-se no sétimo dia, na etapa entre Barra (BA) e Petrolina (PE), com 235 quilômetros da especial.

“Sem dúvida, será uma das especiais mais duras do Sertões, com areia do início ao fim. O desafio está em administrar o equipamento e acertá-lo para que o motor não sofra superaquecimento, porque prevemos para esta parte as temperaturas mais altas do rally”, diz Moraes. “Os trechos são rápidos e sinuosos, com vegetação espinhosa e travessias de alguns riachos. Além disso, é uma especial de maratona, em que o equipamento não pode receber manutenção externa. Paradoxalmente, a maior velocidade não vai significar maior facilidade. Ao contrário, esta especial provavelmente vai apontar quem são os verdadeiros favoritos à vitória”, explicou.

“O último dia do Sertões terá a especial mais curta, de apenas 114 quilômetros, mas não podemos dizer também que será fácil”, destaca Eduardo Sachs. “Ela tem estradas de areia, trechos sinuosos com ‘mata-burros’ e pedras grandes. No final, a estrada se estreita e vai exigir bastante por causa dos trechos em trial pesado até os últimos metros de prova. Que não se cuidar, vai dançar, porque geralmente ninguém vence o Sertões na última especial. Mas pode perder”, avisa o diretor técnico, responsável pelo levantamento da corrida.

Turismo reforçado – Além do desafio para pilotos e máquinas, o Rally Internacional dos Sertões representa oportunidades por onde passa. “É um evento que sempre gera grandes oportunidades de turismo nos locais de largada e chegada”, apontou Moraes. “Desde 2002 nós sediamos o prólogo e a largada do Sertões, e a cada ano são 18 órgãos e 1.200 pessoas envolvidas diretamente com o evento, que nos proporciona a cada ano a oportunidade de mostrarmos o potencial turístico que temos em Goiás”, observou Carlos Ronay.

Para Márcio Nascimento, do Ministério do Turismo, o Rally dos Sertões é uma grande oportunidade para as pessoas conhecerem lugares pouco lembrados no Brasil. “O Ministério do Turismo entende que o evento é um gerador de turismo, evidenciando lugares pouco conhecidos pelos brasileiros. Para quem está envolvido no rally, é a chance de conhecer o País de uma forma mais ampla”, afirmou.

Natal receberá pela segunda vez consecutiva a chegada do rally, também gerando oportunidades turísticas para o Estado do Rio Grande do Norte. “O turismo é a principal fonte de renda do nosso estado. E como o evento passa também pelo interior, será possível mostrar que temos muita coisa além dos 400 quilômetros de praia, como por exemplo os sítios arqueológicos”, demonstrou Armando Silva. “O retorno de mídia por termos o Rio Grande do Norte divlugado pelo mundo todo é um fator a ser destacado em um Estado que aposta em suas belezas naturais para se desenvolver socialmente”, disse.

Veja o roteiro completo desta temporada:

23/06 – Super Prime – Goiânia (GO)*

24/06 – 1ª etapa – Goiânia (GO) – Santa Helena (GO)

[Total do dia: 327km / Total da especial: 256 km]

25/06 – 2ª etapa – Santa Helena (GO) – Cidade de Goiás (GO)

[Total do dia: 469 km / Total da especial: 334 km]

26/06 – 3ª etapa – Cidade de Goiás (GO) – Minuaçu (GO)

[Total do dia: 636 km / Total da especial: 393 km]

27/06 – 4ª etapa – Minuaçu (GO) – Palmas (TO)

[Total do dia: 762 km / Total da especial: 487 km]

28/06 – 5ª etapa – Palmas (TO) – Luis Eduardo Magalhães (BA)

[Total do dia: 538 km / Total da especial: 300 km]

29/06 – 6ª etapa – Luis Eduardo Magalhães (BA) – Barra (BA)

[Total do dia: 558 km / Total da especial: 364 km]

30/06 – 7ª etapa – Barra (BA) – Petrolina (PE)

[Total do dia: 543 km / Total da especial: 235 km]

01/07 – 8ª etapa – Petrolina (PE) – Juazeiro do Norte (GO)

[Total do dia: 421 km / Total da especial: 213 km]

02/07 – 9ª etapa – Juazeiro do Norte (CE) – Caicó (RN)

[Total do dia: 439 km / Total da especial: 184 km]

03/07 – 10ª etapa – Caicó (RN) – Natal (RN)

[Total do dia: 350 km / Total da especial: 114 km]

04/07 – Coletiva de Imprensa dos campeões e Festa de Premiação – Natal (RN)

* Local da Largada Promocional: Av. Dep. Jamel Cecílio, s/n, Jd. Goiás – em frente ao Shopping Flamboyant.