O babyssauro da Truck afia as garras

No ambiente da Fórmula Truck, cenas inimagináveis em categorias do automobilismo podem ser vistas a cada passo dado na área dos boxes. Apesar da seriedade e profissionalismo das equipes, predomina o clima de informalidade, típico do mundo dos caminhões. Todas as montadoras instaladas no Brasil estão representadas na categoria, dando um ar de seriedade e organização, mas os pilotos quebram todos os protocolos, assumindo comportamento e apelidos que renegariam em qualquer outra categoria. O líder da tabela por exemplo, o sorocabano Djalma Fogaça, com experiência em categorias como a Fórmula Opel européia e Fórmula 3, auto-apelidou-se na Truck de “caipira voador”, confeccionando até um macacão com as franjinhas típicas das duplas caipiras. Eduardo Fráguas, que pilota um caminhão Volvo, se transforma nos finais de semana no “Mad Macarrão”. Caminhoneiro de verdade, Fráguas aparece sempre com os pilotos pintados e com trejeitos espalhafatosos.

Adotando uma linha mais “clean”, o paulista Jonatas Borlenghi é um dos caçulas da categoria. Com 26 anos, “Neno” Borlenghi pilota um Volkswagen Titan Tractor, cumprindo sua 1a temporada na categoria. Caçula também em casa, jeito de bonachão, Neno Borlenghi é o 12o de 12 irmãos, sendo seis mulheres e seis homens, filhos de uma família integralmente dedicada ao negócio de transportes rodoviários. Seu irmão Heber, pilotou para a equipe em 2002, cedendo a vaga para o caçula, que cada vez mais, mostra serviço na Truck.

“Não conheço nenhuma pista onde a Truck corre. Estou aprendendo todos os traçados, exceto Interlagos, onde já corri bastante. Vou ganhar uma etapa da Truck, e este ano ainda. Se o caminhão estiver bom, ninguém me segura”, afirma com otimismo, o piloto acostumado a provas de força livre em Interlagos, onde competia com um Opala com motor V8 adaptado e algumas provas longas, como as Mil Milhas Brasileiras e os 500Km de Interlagos. Sua melhor atuação na Fórmula Truck aconteceu em Brasília, na 4a etapa, quando manteve o segundo posto, atrás de seu companheiro de equipe, Renato Martins, que acabou vencendo a corrida. Borlenghi viu seu melhor resultado do ano escapar entre os dedos. Um problema mecânico tirou-lhe da prova, mas já ficou claro que o “babyssauro” da Fórmula Truck não veio apenas para fazer número. Ele é rápido, técnico e tem uma garra incrível, na verdade, garras, que estão sendo afiadas a cada corrida.