O “Desafio de 10 dias” de Gui Sirtoli rendeu-lhe as segunda e quarta colocações na classificação da Turismo Nacional, realizada na tarde desta sexta-feira, no Autódromo de Interlagos. Após o forte acidente na última etapa, em Tarumã, o cascavelense e sua equipe Porthack se viram na posição de ter que abandonar o projeto que vinham trabalhando antes mesmo do início da temporada de 2023 e abraçar a missão de construir um novo carro.
Porém, para quem é cabeça de gasolina, construir um carro não é das piores tarefas. Então, qual era a grande adversidade? O tempo. Menos de duas semanas separavam a segunda e a terceira etapa do calendário da Turismo Nacional e, para a reconstrução do bólido, o que sobrou dele deveria retornar à fábrica, em São Bento do Sul (SC). Basicamente, um trajeto Tarumã – São Bento do Sul – Interlagos corresponde a algo em torno de 1.186 km.
“Entramos no desafio de reconstruir o carro novo, o Volkswagen Gol, que era o “Desafio dos 10 dias” para a montagem do carro para Interlagos. A gente já tem a experiência do Volkswagen Gol de temporadas anteriores. Em 2021, com este carro fomos vice-campeões, ainda no formato antigo da categoria. A gente tem a esperança que este carro vai se encaixar muito bem no equipamento que estamos agora”, contou Gui Sirtoli ao F1Mania.net.
E o trabalho foi dos mais pesados. Muito pouco do New Onix pode ser reaproveitado.
“Tivemos que desmontar o que tinha no Onix e entender o que poderíamos utilizar, 10% do que sobrou do carro podíamos utilizar no novo. Além disso, adaptamos muita coisa neste carro para fazer ele funcionar neste formato novo da TN. Necessitamos de trabalhos de terceiros, de funilaria para adaptar o novo monobloco, encaixar este kit. Foi um trabalho em conjunto, tanto da minha equipe, quanto com um trabalho de fora da equipe também. E, claro, eu dando o apoio e fazendo de tudo para estar pronto o mais rápido possível”, completou Sirtoli.
Ter de abandonar um projeto e abraçar outro de uma hora para outra certamente não é uma tarefa fácil de lidar, ainda mais quando o projeto estava dando certo. Esse era o caso do New Onix #75.
“A gente tinha um carro bom, o New Onix. Fizemos um desenvolvimento de ideias dele por um ano, antes mesmo de começar a construir. E ele teve uma construção rápida também, cerca de dez a quinze dias. Então, quando a gente chegou na etapa final de Goiânia, no ano passado, colocamos o carro na pista, a gente percebeu que ele era muito bom, tanto que eu ganhei quatro de seis baterias naquele fim de semana”, lembrou o piloto cascavelense.
O New Onix parecia tão bom que o projeto permaneceu o mesmo, apenas se aprimorou da temporada de 2022 para este ano.
“Depois viemos aperfeiçoando o carro, na etapa de Goiânia, a primeira deste ano, estávamos muito rápidos também e eu ganhei algumas baterias, daí fomos para Tarumã com a esperança de reassumir a liderança do campeonato. O carro se apresentou muito rápido, só que a tomada de tempo teve um monte de intercorrências e bandeiras vermelhas, então a gente acabou não tendo uma volta limpa, rápida para fazermos uma pole position e largar na frente, largamos de terceiro”.
Neste momento, as circunstâncias começaram a não dar muito certo.
“Na disputa, eu sabia que tinha que passar todo mundo, porque o equipamento estava deteriorando muito rápido. O ataque na primeira volta era muito importante, porque se eu não atacasse naquela hora, eu não passaria depois os oponentes. Viemos na primeira volta, digamos frenética e infelizmente aconteceu o acidente como todo mundo viu”, explicou Sirtoli.
Neste fim de semana, no Autódromo de Interlagos, Gui Sirtoli anda pela primeira vez com o Volkswagen Gol recém montado na fábrica e se encontra esperançoso: “A gente tem umas dificuldades obviamente de adaptar ele à categoria nova, sofremos um pouco com o freio. O Gol tem esse problema de freio, porque antes quando tínhamos uma embreagem, conseguíamos fazer um freio motor. Então, estamos sofrendo com o freio, mas os outros são detalhes pequenos, que vamos tentar resolver para o próximo treino. Fizemos algumas adaptações, uma mudança drástica no freio, para vermos onde conseguimos chegar”.
E toda expectativa positiva em relação ao Gol parece se converter em um resultado também positivo nas pistas. O segundo melhor tempo no classificatório 1 e o quarto melhor tempo no classificatório 2 posicionam o cascavelense na primeira fila de largada de pelo menos três corridas, das seis marcadas nesta etapa. De uma corrida contra o tempo para a primeira fila de largada, Gui Sirtoli e a equipe Porthack escrevem juntos uma bela história de superação.