Chuva aumenta drama da decisão de domingo

Não bastasse a escassa diferença de pontos que separa os quatro pilotos que brigam pelo título, a decisão da Stock Car deve ganhar um componente a mais de dramaticidade em Interlagos. De acordo com os serviços de meteorologia, a chuva prevista para a capital paulista neste domingo não é mais uma questão de “se”, mas sim de “quando”. A frente fria que chegou à região na quinta-feira manterá o tempo ruim até à próxima terça-feira. Em todos esses dias, a possibilidade de precipitações é de 90%, com índice pluviométrico de até 30 mm.

“A chuva não altera a correlação de forças. Ela prejudica forma igual, já que as condições da pista oferecerão os mesmos riscos a todos os pilotos. Lamento mais por causa do público, que tende a vir ao autódromo em menor número. É uma pena, já que o campeonato chegou embolado na última etapa e a festa pede casa cheia”, analisou o paranaense David Muffato (Repsol), líder do campeonato com 138 pontos e, em tese, aquele com maiores chances entre o quarteto.

Na abertura dos treinos oficiais desta sexta-feira, a pista escorregadia já deu uma mostra das dificuldades que os pilotos encontrarão pela frente. Foram diversas rodadas e alguns acidentes de pequena monta, mas que obrigaram o diretor de prova Carlos Montagner a interromper as duas sessões. Muffato foi uma das vítimas do asfalto com aderência quase zero, mas o momento de maior susto foi responsabilidade da quebra do câmbio. “Reduzi de terceira para segunda na curva do Bico de Pato, e a marcha não entrou. Acabei batendo de traseira. Voltei para os boxes, a equipe verificou o câmbio e nada constatou de errado. Mas o problema se repetiu uma vez mais, e novamente fui parar na brita no mesmo ponto”, explicou.

Muffato poderá interromper a longa hegemonia de Ingo Hoffmann – 12 vezes campeão da Stock Car e atual detentor do título – com um quarto lugar, e mesmo assim na hipótese de vitória de Guto Negrão, segundo colocado com 126 pontos. Diversas outras combinações de resultados lhe serão favoráveis. Guto, Cacá Bueno (125) e Ingo (123) não dependem apenas dos próprios esforços. Todos reconhecem que Muffato tem as cartas nas mãos, mas ainda sabem que uma reviravolta final está longe de ser impossível

A chuva quase certa também no sábado deverá provocar como primeira conseqüência a mudança no formato dos treinos classificatórios, que adquiriram importância ainda maior. Ao invés de saírem em grupos de quatro, de acordo com a ordem crescente da classificação do campeonato, todos andarão juntos. “A chuva na corrida não deixará de ser mais uma novidade. Afinal, até agora, só andamos no molhado em 2003 em alguns treinos”, lembra Muffato.