Mudança radical na carreira de Daniel Landi. Depois de dois anos na Fórmula 3 Sul-Americana, um na Light e outro na Classe A, o piloto paulistano estréia na Stock Car Light nesta temporada de 2004. Deixa um monoposto de 215 cavalos que na reta de Interlagos vai a 235 km/h e passa para o cockpit de um Stock Light, chassi tubular e carenagem de fibra de vidro em forma de Astra Hatch Back que, neste ano, passa a andar com o mesmo motor V8 da Stock Car, importado e lacrado, igual para todos. São 360 cavalos de potência e 250 km/h na reta de Interlagos. Ele ainda não experimentou sua nova máquina. Até agora, deu algumas voltas num Stock Light 2003, com motor de seis cilindros em linha, uns 350 cavalos de potência. E gostou.
“Pelo pouco que senti do carro, achei bem legal. As reações dele são totalmente diferentes de um Fórmula 3, que exige muito mais reflexo e rapidez nas reações do piloto. O F-3 utiliza mais tecnologia e muito mais pressão aerodinâmica. E há inúmeras opções de acerto, tanto de chassi como de motor. No Stock, as opções são mais limitadas, já que o carro não necessita de tanta pressão aerodinâmica para se encontrar o seu melhor acerto”, diz o piloto.
Ele identifica na adaptação ao novo tipo de carro o seu principal desafio neste ano de estréia na Stock Light. Em compensação, a experiência com carros fórmula talvez lhe dê alguma vantagem na administração das reações do equipamento. “O F-3 exige muito mais rapidez do piloto do que o Stock Light. Como estou acostumado com isso, acho que poderá me ajudar na adaptação”, comenta Daniel Landi.
O piloto abre a temporada com patrocínio do Diário do Grande ABC e do Peugeot Finance, que prosseguem na parceria iniciada respetivamente em 2002 e 2003, enquanto negocia com outros patrocinadores. “Eu estava bem preparado para mais uma temporada na F-3, mas não foi possível por limites de verba. A opção mais convidativa para prosseguir foi a Stock Light, pois tem se mostrado uma categoria séria, oferece bom nível de aprendizado para quem pretende fazer uma carreira sólida no Brasil, é bem visada pela mídia e ultimamente bem assediada por pilotos”, ele comenta.
Depois de ser vice-campeão da F-3 Light em 2002 pela Cesário F-3 e terminar em quinto lugar na F-3 em 2003 com a Avalone Motorsport, Daniel Landi começa na Stock Car Light com a Carreira Racing. Na realidade, também é a estréia da equipe paulistana chefiada por Luís Carreira nesta categoria para disputar o campeonato todo, depois de participar de algumas provas em 2001, com Luís Carreira Jr. e Vicente Siciliano Jr., que será o companheiro de equipe Daniel Landi na Stock Light 2004.
Siciliano, de São Paulo, também defenderá a Carreira Racing na Copa Clio, em que no ano passado terminou em terceiro lugar. Neste ano, o time terá também os pilotos Betinho Sartório, de Vitória, Kreis Jr. e João Paulo Faccio, de Santa Catarina. Carreira Jr. disputará a Stock V8 por outra equipe.
“Nós acompanhávamos a carreira do Daniel Landi há algum tempo, embora não atuássemos na categoria que ele fazia. E nos interessamos pelo seu currículo”, conta Luís Carreira. Kartista por hobby na adolescência e piloto de Turismo nos anos 80 do século passado, o chefe da equipe está entusiasmado. “Trabalhamos com objetivos progressivos: pontuar, ir ao pódio, ganhar corridas e, claro, vencer o campeonato”, sintetiza. Vencer o campeonato? De cara, neste primeiro ano? “Sim, tentar neste primeiro ano, por que não?”
De sua parte, Daniel Landi corresponde ao entusiasmo. “Todos sabemos que a primeira temporada numa categoria é basicamente de aprendizagem. Não é fácil. E o nível dos adversários é alto. Mas minhas expectativas são boas. Escolhi a Carreira Racing porque é uma equipe competente, em condições de me dar um carro bom para eu brigar por vitórias. Estou empolgado e me dedicarei ao máximo para obter os melhores resultados”, ele promete.
Na avaliação de Luís Carreira, o progresso deve corresponder velozmente ao trabalho: “O Daniel Landi se revelou já nas primeiras voltas que deu num Stock Light. Tem um traçado de quem conhece, sabe o que está fazendo, é um piloto rápido, sabe aproveitar muito bem o equipamento e trazer informações para a equipe.”
A temporada da Stock Car Light começará em 27 e 28 de março, no Autódromo de Curitiba, junto com a Stock V8, que terá transmissão ao vivo pela Rede Globo de Televisão. Será a primeira das nove rodadas de 2004, que talvez sejam duplas. Até lá, Daniel Landi deve voltar à pista para testar seu novo Stock Light.
O piloto faz questão de agradecer aos seus patrocinadores dos últimos anos – Draft, UCR, Diário do Grande ABC e Peugeot Finance – e especialmente ao engenheiro José Avallone, chefe da equipe Avallone Motorsport, com quem correu no ano passado: “Sem a força deles, de amigos e familiares, eu não teria a oportunidade de continuar no automobilismo”.